sábado, 9 de abril de 2011

Wellington, o atirador da chacina em Realengo RJ

Este foi o assunto mais discutido durante esta semana em todo Brasil, assunto que comoveu à todos nós. Foram diversas as discussões a respeito do que se passou na mente de Wellington. Tanto na mídia, quanto na internet, li e ouvi comentários de pessoas das mais diversas classes e profissões. Embora ele tenha morrido, o que dificulta descobrir a verdadeira motivação que o levou a tal fato, não podemos ser levianos em classificar este individuo como um sujeito “normal” que praticou um crime por pura maldade, vingança ou possessão demoníaca. Devemos sim, olhar para todos os sinais que ele deixou como pista, digo, sua história de vida, seu contexto familiar, amigos, origem, hábitos incomuns (considerando a cultura onde vivemos), como lidava com as perdas, enfim, traçar o perfil geral desta pessoa. O psiquiatra forense Guido Palomba, o classificou, após estudar esses aspectos relatados acima e a carta que Wellington escreveu, que o assassino da Escola em Realengo era Esquizofrênico.
Trabalho com psiquiatria há alguns anos e posso afirmar com propriedade que as pessoas portadoras desta doença mental não são letais à sociedade, elas apenas necessitam de tratamento, e quanto mais rápido for diagnosticado, melhor é a qualidade de vida desta pessoa e dos que estão ao seu redor. Falo de tratamento não manicomial, tratamentos contínuos, terapêuticos e farmacológicos. Para a facilitação do diagnóstico e tratamento, precisamos unicamente do “olhar” desta família. A família como já sabemos, é a base, deveria ser constituída por pessoas que nos criam e nos direcionam neste mundo. Entretanto, na maioria de casos como este, isto não ocorreu. Onde estão os integrantes da família de Wellington? Será que nunca estranharam as atitudes dele? Por que ninguém procurou ajuda? Segundo o Jornal da Globo da Rede Globo de Televisão, do dia 08/04/2011, a maioria dos casos de chacinas semelhantes a esta cometida por Wellington, os familiares haviam sido informados pelo causador ou notavam comportamentos atípicos. Este dado nos deve fazer refletir de como olhamos para os que estão ao nosso redor. Estamos em pleno século XXI, já se foi a época que falar o nome câncer era proibido, ridículo ou inocente demais é achar que somos imbatíveis, que doenças, transtornos e mortes só atingem os outros. Quando foi a última vez que você conversou com seu filho? Você procura saber como são as relações e comportamento dele na escola ou no trabalho? Você impõe limites? Como ele reage às perdas? Essas e outras questões são importantíssimas tanto na formação de caráter de qualquer individuo, como na identificação de reais problemas. Enfim, vivemos em uma sociedade. Viver em sociedade significa: viver junto em um mesmo lugar, onde cada um desempenha seu papel sem prejudicar os demais. Por tanto, estejamos atentos! Doenças como a esquizofrenia, não aparecem de uma hora para outra, elas dão sinais ao decorrer de um tempo antes que chegue a crise. Não estou colocando a culpa nos familiares do Wellington, sei da dificuldade em lidar com pessoas portadoras de doenças mentais, cuja inteligência é preservada, acho que o Governo tem grande parcela de culpa, pois de onde saíram as armas? Porém, quem elege os governantes, felizmente ou infelizmente, somos nós.
Como diria Roberto Carlos: “Quem espera que a vida seja feita de ilusão, pode até ficar maluco, ou morrer na solidão. É preciso ter cuidado, pra mais tarde não sofrer. É preciso saber viver!”

Nenhum comentário:

Postar um comentário